Dia do Empreendedorismo Feminino: entrevista com Patricia Brentzel

Hoje é o Dia do Empreendedorismo Feminino, data criada pela ONU para incentivar e motivar mulheres que, corajosamente, decidem empreender. Seguindo a nossa série de empreendedoras e inspiradoras, eu, Luiza, fundadora da Dádiva, convidei a Patricia Brentzel para contar sobre a sua história. E que história. 

Conheci a Pati por causa da cerveja, quando ela estava se abrindo para novos caminhos, como ela sempre se abriu ao longo de toda a sua vida. A Pati é uma pessoa apaixonante e apaixonada. Sabe aquelas pessoas que emanam brilho nos olhos? Ela mesma.

Abaixo, compartilho a entrevista completa que ela nos concedeu.

Em que momento da sua vida você decidiu empreender? Quantos negócios você já empreendeu? Conte um pouco sobre a sua trajetória como empreendedora.

Bom, eu nasci empreendedora. É algo nato, mas que certamente teve profunda influência da minha mãe, uma empreendedora nata também. Ela trabalhou anos no chão de fábrica de uma multinacional farmacêutica, e depois que eu nasci, se desligou e passou a pôr em prática o seu talento empreendedor.

Parece mentira, mas na minha primeira experiência empreendedora eu ainda não era alfabetizada. Foi aos 5 anos de idade e eu só fui alfabetizada aos 6. Um belo dia minha mãe chegou na garagem de casa e lá estava eu, com uma banca, vendendo gibis. Eram gibis que meus primos me davam depois de terem lido. Funcionava assim com os brinquedos também. Mas no caso dos gibis, como eu não sabia ler (essa história é hilária), decidi vendê-los. Eu me orgulho tanto desta história, por ser um mix de pureza, com alma de comerciante e um pezinho já na hospitalidade. Eu expunha cuidadosamente os gibis, divididos por faixas de preço que eu definia conforme a quantidade de páginas. Tipo, o “Almanacão de férias” era o mais caro. Mas como eu tinha essa noção de preço, isso eu não sei, porque eu era muito nova pra entender de dinheiro. Só sei que eu tinha clientes e lembro muito de um deles até hoje. Era um moço alto, que usava uma mochila e sempre que ia para o trabalho, parava lá, apoiava na grade e me perguntava: “tem novidade?”  Lembrança linda! Depois disso, eu sempre vendi “coisas”, ou melhor, tudo o que minha mãe garimpava ou produzia, de roupa a comida e artesanato. E eu tava sempre lá, garimpando e produzindo tudo com ela, e sempre com algo na mão pra oferecer.

Aos 15 anos fui trabalhar. Não foi exatamente uma exigência dos meus pais, mas eu sabia que pra ganhar o mundo da forma como eu queria, era melhor depender o máximo de mim. A minha base escolar infelizmente foi bem precária e talvez inconscientemente eu entendi que para transcender tudo aquilo, era preciso vivenciar as coisas na prática, ou seja, sair da teoria, ir pra rua. Trabalhar me possibilitava isso. Eu nem sse naquela época eu tinha todo esse entendimento  Só sei que fui e deu certo. Parece muito lindo e romântico, mas na real eu queria ter tido vários estímulos literários e acadêmicos que nunca passaram nem perto de mim. Mas tive amor, estrutura familiar e o direito a condições básicas.  E por isso, sou MUITO privilegiada e saí na frente de muitas pessoas que não tiveram isso, que é o mínimo para a estrutura de um ser humano.

Foram necessários alguns anos trabalhando em empresas de pequeno, médio porte e mais de uma multinacional em diversos segmentos de negócio (de marketing de varejo,  educacional, de comércio de frutas a joias) para aos 23 anos eu entender que ia começar ficar chato ou que faltava algum ajuste para minha vida profissional ficasse ainda mais legal. Eu me emociono ao lembrar o quanto cada experiência me ensinou e só por eu ter vivenciado tudo isso e ter conquistado um background de ouro (que poucas meninas da minha idade tinham), que eu pude me lançar ao novo. Claro, isso exige uma bela dose de coragem, coisa que nunca me faltou também. Auto estima, confiança e segurança, são algumas de minhas qualidades que eu mais me orgulho. E não precisa de modéstia pra se orgulhar disso não, viu?

Sendo assim, decidi experimentar outros trabalhos, outras posições. Comecei do 0 como hostess numa pizzaria do momento e foi ali que decidi migrar minha carreira para o mundo dos vinhos. Foram 6 anos trabalhando em paralelo nos 2 mundos e chegando aos 30 me senti preparada para fazer a transição de carreira. Por isso digo que, faz 20 anos que vendi a minha primeira garrafa de vinho num restaurante (2002), mas que assumi minha primeira posição como sommelière somente em 2008.

Em 2011 me lancei a mais um novo desafio, abri a minha primeira empresa: a “Patricia Brentzel Gourmet, Wine & Spirits Services”, uma empresa de consultoria, eventos e educação do vinho. Em dezembro deste ano ela completa 10 anos e foram os melhores 10 anos profissionais que vivi. Neste meio tempo alternei trabalhando em algumas épocas como CLT para algumas empresas, onde aprendi bastante também. E nestes 10 anos, através dos workshops, eventos, feiras e experiências que ministrei e produzi, pude conduzir milhares de pessoas ao mundo do vinho, um mundo que normalmente afasta, intimidade, mas que desde o início tive como principal objetivo acessibilizar e democratizar. Fazer com que as pessoas possam entender sobre essa bebida sem firulas, de uma forma leve, lúdica e descontraída!

Conte um pouco sobre o seu negócio. O que você faz? Onde atua?

Vamos dizer que por muito tempo, o meu negócio foi 80% comercialização de serviços e 20% comercialização de produtos, ambos para pessoa física e jurídica. Essa porcentagem veio mudando de uns 3 anos pra cá e hoje posso dizer que devo estar próxima dos 60% serviços/ 40% comércio. Pra ficar mais fácil de entender funciona assim:

Para Pessoa Física

– Educação: aulas individuais ou em grupo, palestras, workshops presenciais e online;

– Eventos: degustações abertas ou privadas, feiras de vinhos (tive a minha feira por 10 edições!), wine dinners, jantares em casa, experiências etílicas;

– Enoturismo;

– Personal sommelière e administração de adegas pessoais;

– Comercialização de vinhos, cervejas, destilados e outros produtos de mínima intervenção, produzidos em escala humana.

Para Pessoa Jurídica

– Consultoria e prestação de serviços para produtores de bebidas, importadores e distribuidores: planejamento estratégico, comercial e de mkt/comunicação, wine hunting, produção de eventos presenciais e online, desenvolvimento de material técnico, treinamentos para equipe de vendas e brigadas, vendas para on e off trade;

– Consultoria e prestação de serviços para restaurantes: seleção de equipe, treinamentos, serviço, assinatura de cartas de vinhos e bebidas e tudo o que envolve o setor;

– Corporativo: eventos, palestras, experiências etílicas e presentes;

Você acha que é importante existir o Dia do Empreendedorismo Feminino?

Sim, é primordial. Fomos invisíveis por muito tempo por inúmeros motivos. Não tenho acesso aos números de empreendedorismo feminino, mas tenho certeza que são surpreendentes. E o mundo precisa saber disso.

O que você acha que é necessário para que mais mulheres possam empreender? Faltam condições, estrutura familiar, autoconfiança, etc para isso? 

Em primeiro lugar, incentivo e depois acompanhamento. Empreender parece fácil quando se tem uma boa ideia, mas às vezes essa boa ideia, só é boa para quem a teve. O incentivo traz a motivação pra gente correr atrás para entender como fazer. O acompanhamento através de iniciativas com o Sebrae, por exemplo, ajuda a transformar este sonho em realidade e também para que ele não morra por falta de planejamento. Participar de grupos de empreendedores também é muito bom. Esses grupos proporcionam trocas de experiências de todos os tipos, dão dicas, é muito rico. Eu, recentemente, entrei num grupo de Afro-empreendedoras que estou adorando. São excelentes conexões.

Por fim, o jabá completo. Como comprar o seu produto e apoiar uma empreendedora?

Em 2011 me lancei a mais um novo desafio, abri a minha primeira empresa: a “Patricia Brentzel Gourmet, Wine & Spirits Services”, uma empresa de consultoria, eventos e educação do vinho. Este ano ela completa 10 anos e foram os melhores 10 anos profissionais que vivi.  Através dos workshops, eventos, feiras e experiências que ministrei e produzi, conduzi milhares de pessoas ao mundo do vinho, um mundo que normalmente afasta, intimida. Desde o início e até hoje, o meu principal objetivo é acessibilizar e democratizar a bebida. Fazer com que as pessoas possam entender mais sem “firulas”, de uma forma leve, lúdica e descontraída! E para o aniversário a empresa ganhou um novo nome: PB Sommellerie, Consultoria, Eventos e Experiências Etílicas e hoje conta com mais 4 super mulheres que me ajudam a fazê-la acontecer. Um brinde ao empreendedorismo feminino!

@patricia_brentzel_sommeliere

@bebabememcasa

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