Desigualdade salarial entre gêneros: tema da nossa campanha do Dia Internacional da Mulher

Como fazemos há alguns anos, assuntos sobre desigualdade de gênero aparecem por aqui especialmente no mês de março, marcado pelo Dia Internacional da Mulher. 

Neste ano, levantamos um tema muito conhecido, e que ainda precisa evoluir: a desigualdade de salários entre homens e mulheres. Segundo o PNAD de 2019 do IBGE, as mulheres ganham 77,7% do que os homens recebem. Esta diferença está presente nas empresas, no setor público, no mundo acadêmico, e chega a ser ainda maior entre cargos de liderança.

Quando falamos sobre este assunto, é preciso fazer um recorte racial. O gap salarial entre mulheres negras e homens é ainda maior do que o de mulheres brancas. A existência de mecanismos estruturais de segregação dificulta que mulheres negras tenham condições equivalentes às condições das mulheres brancas.

Um estudo de Janaína Feijó, pesquisadora da área de Economia Aplicada do FGV IBRE, feito a partir dos dados do PNAD de 2019, mostra que as mulheres negras ganharam, em média, 26,98% a menos que os homens brancos. As mulheres brancas receberam 20,42% a menos, segundo o estudo de 2019.

Abaixo, Janaína aponta os fatores pré-mercado:

“As diferenças salariais remanescentes podem estar associadas à discriminação no mercado de trabalho, mas também às condições pré-mercado dos indivíduos. Nesse sentido, os desfechos observados no mercado de trabalho são afetados pelas diferenças pré-mercado (contexto familiar, educação dos indivíduos etc.) e essas diferenças são particularmente relevantes para entender os diferenciais de salário de raça e de gênero. Por exemplo, os negros têm uma maior probabilidade de pertencerem às famílias com recursos mais limitados e de terem morado em locais socioeconomicamente desfavoráveis, podendo influenciar suas aspirações e escolhas educacionais. Já com relação ao gênero, as mulheres tendem a enfrentar diferentes expectativas da família e da sociedade, que potencialmente também influenciam suas escolhas e desfechos educacionais. Portanto, a mulher negra está sujeita a um contexto duplamente adverso.”

Vemos também que a taxa de desemprego de mulheres e negros é maior do que a taxa de homens e brancos. Quando comparamos mulheres negras e homens brancos, a taxa de desemprego delas é quase o dobro do que a deles, segundo uma análise feita a partir dos dados do PNAD de 2017 a 2021 e “Pandemia na Favela” do DataFavela.

Outro fator sócio cultural que impacta negativamente na desigualdade salarial entre homens e mulheres está ligado à cultura de que as mulheres estão mais ligadas ao cuidado com a família e com a casa do que os homens. Segundo o PNAD de 2019, as mulheres dedicam duas vezes mais tempo aos afazeres domésticos do que os homens (21,4 horas semanais contra 11,0 horas). E, quando falamos sobre trabalho doméstico, é importante lembrar que este trabalho não é remunerado, apesar de ser um trabalho. Segundo o “Relatório Tempo de Cuidar”, produzido pela Oxfam, o trabalho doméstico não remunerado das mulheres equivale a 10,8 trilhões de dólares ao ano em todo o mundo. Para termos uma ideia da dimensão: este valor é três vezes maior que o crescimento estimado para todo o setor de tecnologia mundial. 

Um dos relatórios mais amplos e importantes sobre desigualdade de gênero é elaborado anualmente pelo Fórum Econômico Mundial. O Relatório de Desigualdade Econômica de Gênero do Fórum Econômico Mundial de 2021 mostrou que, se nada mudar, faltarão 267,6 anos para termos um mundo com igualdade de gênero no mercado de trabalho. A pandemia afetou bastante esta estatística, aumentando este tempo em uma geração. O ranking de igualdade de gênero é liderado pela Finlândia pelo décimo segundo ano consecutivo, e o Brasil ocupa a 93 posição do ranking com 156 países. 

Não podemos nem queremos esperar 267 anos para ver esta situação mudar. Por isso, é muito importante falarmos sobre o assunto com amigos, familiares e colegas de trabalho, levando a conscientização e provocando a reflexão e ação sobre o tema. Leis que colocam na prática políticas afirmativas ajudam muito a acelerar este processo. 

O objetivo deste texto foi pontuar um assunto que é vasto e profundo. Espero que tenham ficado mais curiosos sobre o tema.

Se você leu, ouviu ou assistiu algum conteúdo sobre o assunto, compartilha aqui embaixo.

Fontes:

https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2021-03/estudo-revela-tamanho-da-desigualdade-de-genero-no-mercado-de-trabalho

https://blogdoibre.fgv.br/posts/mulher-negra-no-mercado-de-trabalho

http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252006000400020

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